Das políticas internacionais à prática nas escolas brasileiras, a educomunicação ganha espaço como caminho importante para formar cidadãos críticos
A relação entre mídia e educação começou a se fortalecer em países como Inglaterra, Canadá e França, onde políticas públicas passaram a incluir o ensino sobre a mídia nos currículos escolares. Nos Estados Unidos, esse avanço foi mais irregular, variando de acordo com os momentos políticos
Na América Latina, o caminho foi diferente. A discussão sobre mídia e educação surgiu fora dos governos, sendo levada adiante por ONGs, movimentos sociais e pesquisadores. Um dos exemplos mais marcantes foi o Plan DENI, criado em 1968 pelo chileno Luis Campos Martínez, que incentivava crianças a produzir seus próprios vídeos. No Brasil, iniciativas como o Cineduc, no Rio de Janeiro, marcaram o início de uma educação mais crítica em relação à mídia
Em seu trabalho mais conhecido, Soares identificou três grandes formas históricas de pensar a relação entre educação e comunicação:
1-Modelo Moral: com base em ideias religiosas, busca proteger o público (especialmente as crianças) dos conteúdos considerados ruins ou perigosos da mídia
2-Modelo Cultural: vê a mídia como parte da cultura e defende que as pessoas aprendam a entender e criticar as linguagens usadas nela
3-Modelo Comunicativo (Educomunicativo): propõe uma participação ativa dos alunos, dando espaço para que eles produzam sua própria mídia, se expressem e desenvolvam a cidadania
Nas décadas de 1980 e 1990, a UNESCO passou a tratar a ligação entre comunicação e educação de forma mais cultural e política, deixando de lado uma visão apenas técnica. Esse movimento levou ao I Congresso Internacional sobre Comunicação e Educação, realizado em São Paulo em 1998, evento que deu visibilidade internacional ao conceito de Educomunicação e definiu o educomunicador como alguém que atua para transformar a sociedade
A partir dos anos 2000, a Educomunicação saiu dos debates acadêmicos e passou a influenciar políticas públicas. Um exemplo importante é o projeto Educom.rádio, da Prefeitura de São Paulo, que permitiu que estudantes de escolas públicas criassem seus próprios programas de rádio e vídeo
Outros exemplos incluem o apoio do Ministério do Meio Ambiente a projetos de educomunicação em comunidades tradicionais, com foco na defesa do meio ambiente e na valorização da cultura local. Essas ações ajudaram a Educomunicação a ser reconhecida como um caminho importante para o exercício da cidadania, sendo até mesmo incluída em leis, como a Lei Municipal nº 13.941/2004, que criou uma política pública de Educomunicação na cidade de São Paulo
Hoje, a Educomunicação é mais do que uma forma de ensinar, ela é uma estratégia para tornar a comunicação mais democrática e formar pessoas críticas. Ao unir linguagem, cultura, expressão e participação no dia a dia das escolas, ela rompe com ideias antigas e contribui para uma educação mais conectada com a realidade e com os desafios atuais
Em tempos de fake news e excesso de informações, a Educomunicação se mostra uma resposta nova e importante para fortalecer a democracia e a cidadania no século XXI
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