sexta-feira, 30 de maio de 2025

A trajetória histórica da educomunicação na união entre comunicação e educação


Das políticas internacionais à prática nas escolas brasileiras, a educomunicação ganha espaço como caminho importante para formar cidadãos críticos

A relação entre mídia e educação começou a se fortalecer em países como Inglaterra, Canadá e França, onde políticas públicas passaram a incluir o ensino sobre a mídia nos currículos escolares. Nos Estados Unidos, esse avanço foi mais irregular, variando de acordo com os momentos políticos

Na América Latina, o caminho foi diferente. A discussão sobre mídia e educação surgiu fora dos governos, sendo levada adiante por ONGs, movimentos sociais e pesquisadores. Um dos exemplos mais marcantes foi o Plan DENI, criado em 1968 pelo chileno Luis Campos Martínez, que incentivava crianças a produzir seus próprios vídeos. No Brasil, iniciativas como o Cineduc, no Rio de Janeiro, marcaram o início de uma educação mais crítica em relação à mídia

Em seu trabalho mais conhecido, Soares identificou três grandes formas históricas de pensar a relação entre educação e comunicação:

1-Modelo Moral: com base em ideias religiosas, busca proteger o público (especialmente as crianças) dos conteúdos considerados ruins ou perigosos da mídia

2-Modelo Cultural: vê a mídia como parte da cultura e defende que as pessoas aprendam a entender e criticar as linguagens usadas nela

3-Modelo Comunicativo (Educomunicativo): propõe uma participação ativa dos alunos, dando espaço para que eles produzam sua própria mídia, se expressem e desenvolvam a cidadania

Nas décadas de 1980 e 1990, a UNESCO passou a tratar a ligação entre comunicação e educação de forma mais cultural e política, deixando de lado uma visão apenas técnica. Esse movimento levou ao I Congresso Internacional sobre Comunicação e Educação, realizado em São Paulo em 1998, evento que deu visibilidade internacional ao conceito de Educomunicação e definiu o educomunicador como alguém que atua para transformar a sociedade

A partir dos anos 2000, a Educomunicação saiu dos debates acadêmicos e passou a influenciar políticas públicas. Um exemplo importante é o projeto Educom.rádio, da Prefeitura de São Paulo, que permitiu que estudantes de escolas públicas criassem seus próprios programas de rádio e vídeo

Outros exemplos incluem o apoio do Ministério do Meio Ambiente a projetos de educomunicação em comunidades tradicionais, com foco na defesa do meio ambiente e na valorização da cultura local. Essas ações ajudaram a Educomunicação a ser reconhecida como um caminho importante para o exercício da cidadania, sendo até mesmo incluída em leis, como a Lei Municipal nº 13.941/2004, que criou uma política pública de Educomunicação na cidade de São Paulo

Hoje, a Educomunicação é mais do que uma forma de ensinar, ela é uma estratégia para tornar a comunicação mais democrática e formar pessoas críticas. Ao unir linguagem, cultura, expressão e participação no dia a dia das escolas, ela rompe com ideias antigas e contribui para uma educação mais conectada com a realidade e com os desafios atuais

Em tempos de fake news e excesso de informações, a Educomunicação se mostra uma resposta nova e importante para fortalecer a democracia e a cidadania no século XXI

              https://edujornalismofurb.blogspot.com/2019/09/oficina-sobre-roteiro.html?m=1


segunda-feira, 26 de maio de 2025

Projeto Edujornalismo e Letramento Digital continua com nova bolsista

 


 O Projeto de Extensão do curso de Jornalismo da FURB, Edujornalismo e Letramento Digital, segue em atividade em 2025, com o objetivo de promover a inclusão digital de jovens e adolescentes por meio de oficinas interdisciplinares na rede pública de ensino. 

Recentemente, houve uma mudança na equipe do projeto, com a saída da bolsista Amanda Rafaela Gonzaga Venancio, que deixa o projeto para se dedicar a uma vaga na área do jornalismo. Em seu lugar passa a atuar a nova bolsista Jaíne Edilamar Pereira, que trabalhará sob a orientação do coordenador Sandro Lauri da Silva Galarça. 

O projeto continua a ser estruturado em quatro etapas: Formação dos Bolsistas, Formação dos Voluntários do Programa Uniedu, Planejamento das Oficinas e Aplicação das oficinas nas Escolas. Em abril, aconteceu a primeira formação com os estudantes atendidos pelo Programa Uniedu.

A partir de agora, a bolsista Jaíne Edilamar Pereira inicia o período de formação. A seguir, começam as atividades com vistas à aplicação do projeto nas escolas, onde serão desenvolvidas cinco oficinas: Letramento digital e Educação midiática, Combate à desinformação, Fotografia, Podcast e Produção de Vídeo.

quarta-feira, 7 de maio de 2025

A Educomunicação e as Oficinas Interdisciplinares

     A educomunicação objetiva o fortalecimento da capacidade de expressão de crianças e jovens, analisando todas as formas de comunicação. No Brasil, a educomunicação progride com expectativas positivas, utilizando a educação para uma recepção ativa e crítica das mensagens midiáticas, enfatizando a produção colaborativa e a democratização dos processos comunicativos na escola e na sociedade. Sendo assim, seu estudo em maior parte a partir de organizações não governamentais ou na ação de núcleos acadêmicos, nas áreas da educação e da comunicação. De maneira que, com a contribuição de ambos, o tema educomunicação se aproximou de políticas públicas, como é relatado  no projeto Nas Ondas do Rádio, da Prefeitura de São Paulo. No projeto de extensão do curso de jornalismo da FURB, Edujornalismo e Letramento Digital, aplica-se a educação midiática através de processos, dentre eles nas oficinas interdisciplinares, realizadas na rede pública de ensino. Por meio das oficinas, foi vista a possibilidade de ampliar a capacidade comunicativa de todos da comunidade educativa, e “a importância de se rever os padrões teóricos e práticos pelas quais a comunicação se dá” (SOARES, I. O., 2014, p.24). Na revista Educomunicação em foco, uma coletânea de experiências e propostas pedagógicas interdisciplinares que integram mídia e currículo escolar, são citadas várias práticas que buscam romper com o ensino tradicional e promover oficinas que envolvam múltiplas linguagens. Oferecendo uma abordagem que integra conteúdos curriculares com práticas comunicacionais, favorecendo a construção coletiva do conhecimento, a criticidade e o protagonismo estudantil.